terça-feira, 11 de junho de 2013

Quando digo quem eu sou, as pessoas me olham.

              Quando digo quem eu sou, as pessoas me olham.
             Quando digo quem eu sou, muitas pessoas me olham estranho, como se eu fosse um tipo suave de aberração. Quando digo que sou feminista, muitas pessoas me olham como se eu pregasse que o machismo inverso, não, só luto por direitos iguais. Quando digo que sou a favor do casamento LGBT, as pessoas me olham como se eu quisesse destruir a família delas, não, só quero que meus filhos possam se casar com quem eles amam, independente de suas orientações sexuais. Quando digo que sou de movimentos sociais, as pessoas me olham como se eu quisesse saquear e tirar tudo o que elas conquistaram, não, só quero que as pessoas possam ter as três refeições diárias e uma noção de política.

             Quando digo que sou estudante de física, as pessoas me olham como se eu fosse um tipo mais forte de aberração, não, só quero entender como o universo funciona. Quando digo que curso licenciatura, as pessoas me olham como se eu quisesse ser pobre, não, só quero lutar por uma educação mais digna neste país e tentar fazer a diferença como educadora. Quando digo que sou ateia, as pessoas me olham como se eu fosse queimar a primeira igreja que visse pela frente, não, só não acredito no teu deus.
           Quando digo que gosto de rock, as pessoas me olham como se eu fosse uma completa drogada sem rumo, não, só gosto das músicas e elas fazem muito mais sentido que tchetchereretchetche. Quando digo que gosto de assistir Pretty Little Liars, The Vampire Diaries, as pessoas me olham como se eu fosse a garota mais patricinha que elas conhecem, não, ainda não declarei a vocês meu amor por The Big Bang Theory ou Game of Thrones. Quando digo que amo ler, as pessoas me olham como se eu fosse extremamente nerd, não, eu amo ler e leio por diversão. Quando digo que gosto de festas, as pessoas me olham como se eu pegasse geral, não, eu gosto de festas e de me divertir, não de passar o rodo.
                Quando digo que meu melhor amigo é um homem, as pessoas me olham como se nós ficássemos, não, ele é meu amigo, somente isto. Quando digo que sou gaúcha, as pessoas me olham como se eu fosse arrogante, não, o fato de eu ser arrogante, ou não, não tem a ver com o local em que nasci. Quando digo que sou panambiense, as pessoas me olham como se eu vivesse para o trabalho, não, gosto tanto de festa quando qualquer outra pessoa.
               Quando digo que sou mulher, as pessoas me julgam incapacitada para algumas atividades, não, se eu quiser fazer algo, eu me viro. Quando digo que tenho 19 anos, as pessoas me menosprezam por acharem que não tenho experiência de vida, não, tenho 19 anos e ano que vem me formo na faculdade. Quando digo que namorei por mais de 2 anos, as pessoas me olham com se dissessem ‘já iam se casar, que pena’, não, não estava mais dando certo, não iria me casar com alguém que não estava mais aguentando.
               Quando digo quem sou, as pessoas me olham.

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